O que começou como um incômodo virou motivo de desespero. Moradores dos bairros São Jorge e Brisas, em Brumado, no sudoeste baiano, estão há mais de quatro anos enfrentando uma rotina sufocante imposta pela MG Óxidos, empresa que opera na região e, segundo relatos, estaria instalada em um terreno que pertence ao ex-prefeito Eduardo Vasconcelos.
Entre os principais problemas relatados estão a poeira cristalina intensa, que invade as casas diariamente, e o barulho constante das máquinas, que segue madrugada adentro. Para quem vive ali, o prejuízo já deixou de ser apenas no conforto. Agora, a saúde é a principal preocupação.
O aposentado Francisco Melo, de 75 anos, relata que a situação tem afetado diretamente sua qualidade de vida e a da esposa.
“Eu tenho problema de pulmão, estou à base de remédios. Minha esposa quase morreu de Covid, não pode nem sentir cheiro de fumaça e nem poeira. Estou vendo a hora de nós dois amanhecermos mortos aqui”, desabafa.
Segundo ele, o pior horário é justamente quando o calor e a movimentação aumentam.
“A poeira é maior por volta do meio-dia e no fim da tarde. E à noite é o barulho. Ninguém dorme direito”, denuncia.
A esposa dele, Dona Doracelma, confirma que a situação só piorou nos últimos anos.
“A gente mora na Rua São Joaquim há cerca de 9 anos, mas os últimos quatro têm sido um pesadelo. Já estamos providenciando um abaixo-assinado para tentar remover essa empresa daqui. Não dá mais pra viver assim. É muita poluição”, afirma.
O medo maior, segundo os moradores, está no futuro. Muitos temem desenvolver doenças graves, como enfisema pulmonar ou até mesmo câncer de pulmão, devido à exposição contínua à poeira.
“Essas coisas não aparecem de um dia pro outro. É daqui a alguns anos que a gente vai saber o estrago que isso fez com a nossa saúde”, alerta Francisco.
Moradores do bairro Brisas também relatam os mesmos problemas, já que a poeira e o barulho se espalham facilmente por toda a região. A sensação generalizada é de abandono. E a suspeita de que o terreno pertence ao ex-prefeito só aumenta a indignação.
“Como é que a prefeitura vai fiscalizar algo que funciona numa área ligada a quem já foi o maior mandatário da cidade?”, questiona um morador.
A reportagem aguarda posicionamento oficial da MG Óxidos e da Prefeitura de Brumado. O espaço segue aberto para manifestação das partes citadas.
Enquanto isso, o barulho não para, a poeira continua... e o medo cresce.