A Secretaria da Educação (Seduc) e o Instituto Unibanco realizam, nesta quarta, quinta e sexta-feira (21 a 23), o “Seminário de Diretores – Aprendizagem com equidade: construindo uma escola plural, inclusiva e acolhedora”, em Fortaleza. A iniciativa tem o objetivo de promover reflexões sobre a gestão escolar, seus desafios, esforços e resultados de aprendizagem. O encontro reúne cerca de 1.000 participantes, entre diretores escolares, técnicos das 23 Regionais e da Seduc sede.
O primeiro dia foi dedicado à solenidade de posse dos mais de 700 diretores da rede estadual de ensino para o quadriênio 2024-2027. A programação do segundo dia, no Centro de Eventos do Ceará, teve início com a apresentação das políticas da Seduc pela secretária Eliana Estrela, que enfatizou a importância do trabalho ser realizado a muitas mãos, com pluralidade de pontos de vista e entrosamento por parte dos educadores.
“A Seduc oferece uma retaguarda importante, pensando as políticas educacionais e fazendo com que cheguem até as escolas. Mas, o trabalho essencial acontece no chão das unidades de ensino. Temos que olhar para o centro, que é onde nossos estudantes estão. Professores e estudantes não são a ponta do processo, mas o centro. Educação não é futuro, é presente. E por isso valorizamos tanto a construção de uma escola equânime, inclusiva e acolhedora, que desenvolva as competências socioemocionais, a cultura de paz e a busca pelo conhecimento. Assim, naturalmente, os resultados acontecem”, ressaltou a secretária, durante a abertura.
Luciana Almeida, gestora de implementação de Projetos Educacionais do Instituto Unibanco, enaltece o trabalho realizado pela instituição em conjunto com o estado do Ceará. “Esta parceria tem uma marca indelével, que é a cocriação e a customização, em tudo o que foi realizado ao longo desses 12 anos. Sempre tivemos o privilégio de aprender muito com os cearenses. Desejo aos novos diretores da rede estadual muito sucesso e sensibilidade neste novo ciclo de gestão que se inicia em 2024”, pontua.
Em 2024, a Seduc adotou como tema condutor de sua prática pedagógica a “equidade de gênero e a proteção das mulheres”. O assunto foi tratado em uma mesa redonda no seminário, que contou com as presenças da deputada estadual Lia Gomes, titular da Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece); da juíza Rosa Mendonça, titular do 1º Juizado da Mulher do Ceará; e da assessora técnica da Secretaria Executiva de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Estado do Ceará, Eliene Bezerra.
Lia Gomes apresentou resgate histórico elucidando que as primeiras leis implantadas no Brasil foram importadas de Portugal, e que estas infligiam condições de vida “extremamente desvantajosas” às mulheres, que ainda hoje repercutem socialmente. “Os direitos femininos foram evoluindo de maneira muito lenta. Por exemplo, as mulheres levaram 350 anos para obter autorização de frequentar escola, e ainda assim, com uma série de restrições. Não existe democracia, nem justiça social, sem a igualdade de gênero e a participação de mulheres em todos os espaços. Esse é um papel fundamental da educação, de trazer a discussão e provocar indignação”, frisa.
Eliene Bezerra destacou a importância da educação de gênero nas escolas. “Cada diretor tem o papel fundamental na busca por um futuro diferente. Para isso, é preciso efetivar a escuta ativa e o acolhimento. O direito à educação para a igualdade de gênero, raça, orientação sexual e identidade de gênero tem fundamento na nossa constituição federal, assim como na Lei de Diretrizes e Bases da educação. Além disso, a nossa Lei Maria da Penha tem papel fundamental na inclusão dos direitos humanos nas escolas, adicionando conteúdos sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica. Reverencio todo o trabalho que a Seduc vem fazendo e deixo a Secretaria das Mulheres à disposição de todos”, contextualiza.
Rosa Mendonça acrescenta que a violência contra a mulher apresenta números compatíveis com os de uma guerra. “A Lei Maria da Penha fez com que a violência contra a mulher saísse de dentro das quatro paredes e ganhasse o espaço público. Parabenizo a batalha conduzida pela Seduc, de levar esse assunto para dentro das escolas. Nós só vamos alcançar a igualdade de gênero com a educação, não tem outro caminho”, destaca.
A programação da tarde iniciou com a palestra “liderança educacional e uma escola transformadora”, ministrada pelo superintendente-executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. “Parte significativa da literatura aponta que a preparação de diretores e os programas de desenvolvimento profissional estão associados a resultados positivos. Diretores com nítido foco pedagógico melhoram os resultados de aprendizagem dos estudantes, especialmente, em ambientes e circunstâncias mais desafiadoras. A escola só será de qualidade se, efetivamente, for de todos. É preciso manter o foco na redução das desigualdades”, pondera.
Para encerrar a programação do dia, foi realizado o painel “liderança do diretor escolar com foco na aprendizagem com equidade”, mediado pela secretária executiva do Ensino Médio e Profissional, Jucineide Fernandes. O momento também contou com as participações da professora Eloísa Vidal, da Universidade Estadual do Ceará (Uece); do coordenador da Regional 3, Paulo Sérgio Fontenele; e da diretora Ismarya Pontes, da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Francisco Soares de Oliveira, no município de Pires Ferreira.
Jucineide Fernandes lembra da importância do planejamento de longo prazo para os gestores. “Não podemos pensar só no ano de 2024, mas em toda a trajetória até 2027, e como iremos vencer os desafios que estão postos. Lideranças eficazes têm o foco na dimensão pedagógica, na garantia do direito de aprendizagem a todos os estudantes. Precisamos desenvolver a equidade em diversos níveis: entre as escolas, entre as turmas, e dentro de cada turma. A função de gestor tem ficado mais complexa, pois a sociedade também fica mais complexa”, analisa.
Ismarya Pontes apresentou os resultados expressivos alcançados pela escola que dirige, a partir da busca pela garantia das aprendizagens significativas. Entre os principais esforços empreendidos, segundo a gestora, estiveram a recomposição das aprendizagens, a superação das dificuldades, o engajamento docente e o ensino personalizado, além da melhoria do clima organizacional e do envolvimento discente.
Paulo Sérgio Fontenele, que atuou como diretor escolar por 18 anos antes de estar à frente da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 3, destaca o trabalho desenvolvido no sentido de empoderar os diretores, para que se sintam acolhidos, seguros e com entusiasmo para perseguir a melhoria da qualidade da educação. “Temos que apoiar as necessidades das escolas, olhar para os resultados sob a perspectiva da equidade, enxergar os “invisíveis”, que são os alunos com mais fragilidades na aprendizagem, e trabalhar por meio de diálogos construtivos. Também precisamos avançar no sentido de oferecer ainda mais momentos formativos aos nossos gestores escolares”, considera.
Eloísa Vidal mencionou características de lideranças escolares consideradas bem-sucedidas. “A liderança escolar é como se fosse o regente de uma orquestra. Essa orquestra vai se afinando ou entrando em sintonia à medida que o trabalho é feito. A liderança tem um efeito significativo nas características da organização escolar, o que influencia positivamente a qualidade do ensino e da aprendizagem. As práticas de boa gestão são sempre básicas. Não são coisas estratosféricas, não são atividades muito complexas. Mas, precisam ser feitas”, explica.
Mín. 19° Máx. 27°
Mín. 19° Máx. 28°
Chuvas esparsasMín. 20° Máx. 30°
Chuvas esparsas