Um levantamento estatístico realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (Detran/TO) referente ao número de mortes em sinistros de trânsito em 2023, aponta que o número de óbitos de motociclistas é 99,2% superior ao número de registros de óbitos de motoristas de carros.
De acordo com o calendário da Secretaria Nacional de Transporte (Senatran) estamos no mês do motociclista, neste período queremos chamar atenção deste público que são as principais vítimas de sinistros de trânsito, para seus hábitos e comportamentos.
Dados
Em 2023, o Tocantins registrou 257 óbitos de motociclistas em comparação aos 129 registrados por motoristas de carros, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Tocantins (SES/TO). Além de serem maioria nas vias públicas do Estado, os motociclistas estão mais expostos no trânsito. O impulsionamento de aplicativos de transporte e delivery, também resultaram no aumento da frota desses veículos.
O Tocantins possui atualmente uma frota de 394.439 de motocicletas e motonetas registrados no Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (Detran/TO). Número maior do que de carros, caminhonetes, camioneta e utilitário, que correspondem a 378.846.
Causas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a falta de acessórios de segurança, o excesso de velocidade, e a direção imprudente ou sob efeito de álcool, estão entre os fatores que explicam a disparidade entre os números de óbitos registrados. Além do desrespeito nas vias públicas em relação aos motociclistas, que, constantemente sentem seu espaço no trânsito invadido por veículos maiores.
É o que conta o universitário Gael Moralez, que faz uso da motocicleta diariamente para se deslocar até o trabalho: “Não é fácil as vezes pilotar em uma cidade como Palmas, onde os motoristas de veículos maiores, acabam não respeitando o espaço destinado aos motociclistas, já que em um sinistro de trânsito entre um carro e uma moto, quem está mais vulnerável sempre será o motociclista”, ressalta.
Homens são a maioria das vítimas
Em dados publicados em 2023 de um levantamento do Ministério da Saúde, homens correspondem a 88% das vítimas fatais em sinistros envolvendo motocicletas em todo o Brasil. Os homens também são os principais compradores de motocicletas e foram responsáveis por 62% dos contratos fechados em 2022. Sendo também a maioria dos condutores habilitados para veículos de duas ou três rodas, representando 76% das pessoas que possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A.
“Além de estar mais vulnerável usando a motocicleta para me deslocar, ser mulher em um trânsito onde a maioria é formada por homens me deixa um pouco insegura para pilotar, principalmente a noite”, diz a estudante de jornalismo Fernanda Aires. Fernanda ainda relata que já sofreu um sinistro de trânsito utilizando a motocicleta, e que ainda faz tratamento de saúde pelas sequelas do ocorrido. “A imprudência no trânsito do motorista foi a principal causa do meu acidente, os motoristas de veículos maiores muitas vezes não respeitam o espaço da motocicleta, além de tomarem uma direção perigosa e não se atentarem às outras pessoas presentes na via”, completa a estudante.
Conscientização e blitzes
Ações de conscientização realizadas pelo Detran/TO em colaboração aos órgãos que compõem a saúde e segurança no trânsito, como o Programa Rodovida, e o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), visam incentivar uma condução segura entre os motoristas.
“O Detran/TO tem buscado incentivar os motociclistas com ações nas redes sociais e no trânsito, através de blitzes educativas. Além de ações de fiscalização, que repreendem e orientam condutores sobre o uso correto dos itens de segurança, como o capacete, e alertam sobre o risco nas vias quanto a excesso de velocidade, e uso de calçados inadequados”, ressalta Enildo Leite, gerente de fiscalização do órgão.
Na última operação de fiscalização realizada pelo Detran Tocantins, a Operação Folião Seguro, foram abordados mais de dois mil veículos em todo o Estado. Destes veículos, cerca de 70% eram motocicletas. Nenhuma morte no trânsito é aceitável, e a diminuição das estatísticas de sinistros e óbitos é a prioridade para o órgão em 2024.
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