Em Marabá, são servidas cerca de 150 mil refeições aos estudantes das escolas públicas do município. Esse trabalho é possível graças a profissionais de variadas áreas, desde a Coordenação de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação (CAE/Semed) até cozinheiras e merendeiras de cada escola da rede de ensino.
Atualmente são 219 escolas, nas zonas rural e urbana, alcançando 64 mil alunos. A Semed também é responsável pela alimentação das escolas públicas da rede estadual de ensino.
Nos Núcleos de Educação Infantil são servidos desjejum antes das aulas e um lanche. Nas escolas de tempo integral os alunos recebem de três a quatro refeições por dia. Enquanto nas escolas de ensino fundamental e médio, os alunos recebem uma refeição de acordo com o turno.
O que será servido ao longo do ano é descrito na pauta alimentar elaborada pelo quadro técnico de nutricionistas da Coordenadoria de Alimentação Escolar da (CAE/Semed). A pauta serve como norte para os processos licitatórios, tanto para o pregão eletrônico como para a chamada voltada à agricultura familiar.
Os processos licitatórios já estão em andamento. O pregão eletrônico é voltado para os alimentos estocáveis, que ficam em depósito como: arroz, feijão, macarrão, flocão de milho e leite, por exemplo. Já a chamada para agricultura familiar busca o fornecimento de alimentos perecíveis como: frutas, hortaliças, leguminosas e polpas de frutas. Em 2023, 10 cooperativas da agricultura familiar foram selecionadas na chamada pública para o fornecimento da alimentação escolar.
Para Gláucia Nogueira, Coordenadora do departamento, alimentação escolar é essencial, principalmente para uma parcela dos alunos da rede pública que estão sob vulnerabilidade socioeconômica. Ela ainda ressalta a contribuição da alimentação para o aprendizado.
“Na maioria das vezes, dependendo do bairro, parte dessas crianças só se alimentam na escola. Então, a gente tem muito carinho, muito cuidado com essa questão da alimentação. Por isso, sempre procuramos visitar as escolas, ter cuidado com o fornecimento, com o balanço e variação do cardápio para que esses alunos estejam bem assistidos. A gente sabe que o aprendizado não começa no caderno e na caneta, começa além da sala de aula. Um aluno bem alimentado, com certeza, vai ter um melhor aprendizado, melhor rendimento dentro da sala de aula”, afirma.
A Escola Pequeno Pajé, no núcleo São Félix, atende 330 alunos, do 1° ao 5° ano, em dois turnos. O estudante Ezequiel Ramos, do 5° ano, tem 11 anos e é um deles. Ele explica como a refeição servida na escola o ajuda nas aulas e tem até um lanche preferido.
“Eu acho que a merenda é muito boa, todo dia a gente se alimenta muito bem. Quando a gente vem para a escola, a gente acha muito boa a merenda, tem muitas coisas boas que as merendeiras fazem. Minha comida preferida daqui é pão com manteiga e achocolatado. É muito bom, a gente se sente com mais força para continuar as aulas, fazer a tarefa. A gente não fica cansado como no começo da aula”, conta o estudante.
A estudante Bianca Ribeiro, 10 anos, também está no quinto ano e comenta sobre o momento da merenda na escola.
“É muito boa. Eu gosto quando tem pão com queijo e também arroz com feijão e carne. Depois da merenda me sinto bem e gosto desse momento. É legal”.
A logística para a entrega dos alimentos a cada escola é realizada tanto pelos fornecedores, como também pela própria coordenadoria. Mas nas escolas da zona urbana, as entregas acontecem a cada dez, vinte dias, após a prestação de contas das escolas. Nas escolas da zona rural, as entregas ocorrem mensalmente.
A partir desse momento que entram em ação as cozinheiras e merendeiras das escolas, que transformam os alimentos em refeições para os alunos.
No NEI Arco-Íris, na Marabá Pioneira, Aciniranda Pereira, atua como cozinheira há 17 anos. Ela explica que após o recebimento dos alimentos, a equipe separa os alimentos que vão para o depósito e os que precisam ser acondicionados no freezer. Ela ainda fala sobre alguns desafios na hora de cozinhar para os pequenos.
“Temos um cardápio que a nutricionista manda para a escola e nós buscamos cumprir esse cardápio, às vezes, fazendo adaptações. É gratificante a gente ver eles chamando ‘tia, o que é a merenda?’. Eles gostam da merenda. A gente procura fazer de uma maneira para adaptar ao paladar deles. Por exemplo, a criança não gosta de legumes grandes, a gente tenta cortar bem pequeno para tentar fazer com que eles gostem”, ressalta.
O cardápio é elaborado a partir de diretrizes apresentadas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Além disso, o que é servido aos alunos também é pensado a partir de alimentos que são produzidos na região, a fim de diversificar as refeições. Nesse sentido, o açaí é um bom exemplo.
Nesse momento, como os processos licitatórios estão em andamento, o cardápio escolar é executado com o que está disponibilizado no estoque, sempre seguindo a legislação e o balanço de nutrientes necessários para a alimentação dos alunos.
Sendo assim, as refeições são pensadas em termos da presença de proteínas e carboidratos, e nutrientes como vitaminas, minerais e fibras, por exemplo.
A nutricionista Joicy Martins, que faz parte do quadro técnico da Coordenadoria, destaca a importância da participação da agricultura familiar na alimentação escolar durante o ano.
“A agricultura familiar é muito importante porque é lá que vamos ter os alimentos naturais, é lá que os agricultores locais vão poder comentar a questão da economia da cidade. Dentro da agricultura familiar, temos frutas, verduras. São itens que têm que estar na dieta de qualquer pessoa. Quando a agricultura familiar se faz presente no cardápio, a alimentação fica mais nutritiva”, afirma.
A diretora do NEI Arco Íris, Rosa Brígida Arraz, avalia ainda a importância do momento da refeição no processo de desenvolvimento das crianças como espaço de socialização e descobertas.
“É um momento de interação muito importante para a Educação Infantil. Aqui, eles aprendem, além de se alimentar bem e interagir com o outro, a coordenação motora do pratinho, como comer com a colher direitinho, a forma certa de manusear os utensílios do alimento. Então, a merenda na Educação Infantil é permeada por uma série de objetivos de aprendizagem também. É o lúdico de uma merenda bonita, de uma merenda que atrai eles. Além de tudo, é nesse momento, depois, que eles socializam brincando”, avalia.
O pequeno Heitor Santos tem 5 anos e é aluno do NEI Arco Íris. Com poucas palavras, ele já comenta que gosta da refeição servida na escola. “Eu gosto muito da hora do lanche”, afirma.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes
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