A Secretaria da Educação (Seduc) promoveu, nos dias 21, 22 e 23, o “Seminário de Diretores – Aprendizagem com equidade: construindo uma escola plural, inclusiva e acolhedora”, em parceria com o Instituto Unibanco. Nesta sexta-feira (23), último dia de encontro, a programação contou com uma roda de conversa que teve a participação dos secretários executivos Jucineide Fernandes, do Ensino Médio e Profissional; Helder Nogueira, da Equidade e Direitos Humanos; e Iran da Silva, do Planejamento e Gestão Interna; além de uma palestra sobre os caminhos para a promoção da equidade, ministrada pela diretora do Centro Lemann, Anna Penido.
O debate inicial abordou as ações e projetos da Seduc em prol da melhoria da aprendizagem e da inclusão educacional. Jucineide Fernandes ressalta a figura do diretor escolar como responsável por apontar caminhos, inspirar e motivar a comunidade que lidera, além de monitorar os resultados.
“Como diz um provérbio africano, é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Isso fala do compromisso coletivo que é a educação. E quando pensamos no estudante individualmente, estamos também contribuindo com toda a sociedade, pois o esforço para educar uma pessoa se converte em consequências para a coletividade. Nosso desafio está em garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclusão da educação básica na idade certa. Se a aprendizagem não é para todos, trata-se de privilégio, e não de educação de qualidade. A nossa busca tem que ser incessante para a garantia das aprendizagens essenciais a todos os estudantes que estão nas nossas escolas. Não queremos apenas ‘cases’ de sucesso, pois almejamos que os bons resultados sejam gerais”, pontua.
Helder Nogueira argumenta que o caminho do aprendizado deve ser permeado pelas políticas de equidade, ao tempo em que se promove o acolhimento. A integração entre os campos de conhecimento é fundamental, na visão do secretário executivo.
“Por exemplo, na matemática podemos aprender sobre antirracismo, e na redação podemos discutir questões de gênero. É assim que devemos pensar as ações da equidade. Além disso, estamos convencidos de que uma escola com um bom clima, nas suas mais variadas vertentes, indo da estrutura física ao bom relacionamento entre as pessoas, é mais propícia ao acolhimento. O trabalho de busca ativa e redução da infrequência é outra prioridade da escola acolhedora, assim como o combate à cultura da reprovação, o fortalecimento de vínculos afetivos e a formação em direitos humanos”, considera.
Iran da Silva contextualiza que o maior investimento do estado dentro de uma secretaria é o direcionado à educação, área prioritária para o governo, com R$ 6,4 bilhões aplicados em 2023.
“O estado se planeja para priorizar no que vai investir. Educação nunca foi despesa, sempre foi investimento com retorno garantido. Deste montante, tivemos R$ 340 milhões destinados à alimentação escolar, e previsão de R$ 360 milhões para a área em 2024. Outros R$ 860 milhões foram para despesas de custeio, como terceirização e contas públicas. Também destinamos R$ 105 milhões ao regime de colaboração com os municípios, para apoio à implementação do tempo integral, pois acreditamos que se não investirmos no Ensino Fundamental, não conseguiremos fazer muito pelo Ensino Médio. Outros R$ 40 milhões foram investidos no pagamento de bolsa estágio para os alunos das escolas profissionais; R$ 70 milhões na manutenção predial; R$ 150 milhões em aquisições de equipamentos e mobiliários para as escolas; R$ 130 milhões na construção de escolas e previsão de mais R$ 600 milhões para a integralização”, detalha o secretário executivo.
Mateus Pinheiro foi recém-empossado no cargo de diretor da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Professor Sebastião Vasconcelos Sobrinho, em Tianguá. O gestor enaltece a oportunidade de participar do seminário, no sentido de reforçar os compromissos em prol da educação pública de qualidade.
“A gestão escolar é também um lugar em que a gente consegue se descobrir, perceber potencialidades, e ver como conseguimos ajudar outras pessoas. Minha vida foi transformada pela educação, e ter a possibilidade de oferecer aquilo que eu recebi para os estudantes é um prazer em uma missão que vale a pena abraçar. Acredito que o mais importante no seminário foi conhecer os colegas de outras regionais e que também estão em outras modalidades de escola. A gente aprende muito nesse contato com grupos, culturas e contextos diferentes. Saio bem mais animado e disposto a enfrentar desafios e encontrar soluções para lidar com as situações que aparecerem”, destaca o diretor.
Cleonice Pereira, diretora da Escola Indígena Alto da Catingueira, em Tamboril, pertencente à etnia Potiguara, também assumiu a função pela primeira vez, nesta semana, e avalia que o seminário foi fundamental para que se sentisse mais confiante e amparada diante da atribuição.
“A direção escolar compete a um grupo de pessoas, e é essa unificação que vai nos levar ao resultado que desejamos: a aprendizagem cognitiva do aluno, mas também a formação de um ser humano capaz de sair da comunidade e defender a sua história e a sua cultura. Eu me tornei diretora da escola atendendo a um convite, mas a princípio não foi por vontade própria. Agora, saio do seminário dizendo que estou no lugar certo, pois essa experiência me fortificou muito, a partir da experiência compartilhada pelos colegas”, enfatiza.
Para encerrar o Seminário de Diretores 2024, a diretora do Centro Lemann, Anna Penido, trouxe uma série de reflexões a respeito da educação inclusiva, que considera as especificidades de cada aluno.
“Equidade não é necessariamente igualdade, porque igualdade muitas vezes significa oferecer a mesma coisa a todos. Sabemos que dentro das escolas as necessidades são bastante diferentes. Há os que precisam de mais suporte, de uma abordagem diferente, de um olhar mais cuidadoso. Não dá para tratarmos da mesma forma, principalmente, aqueles que historicamente foram excluídos do processo. Equidade é garantir mais a quem mais precisa. Se a gente serve a essas pessoas, não podemos desconsiderar quem elas são, onde vivem e os problemas pelos quais passam. Quando falamos em educação integral, entendemos que as pessoas necessitam mais do que uma abordagem acadêmica, havendo outras questões que precisam ser asseguradas para que atinjam o máximo do seu potencial”, explica.
A secretária da Educação, Eliana Estrela, agradeceu a todos os diretores escolares pela presença no Seminário. “Esses momentos em que a gente para um pouco a rotina com o objetivo de refletir, tendo a oportunidade de vivenciar as experiências dos colegas, são muito ricos. Aqui, aprendemos e ensinamos. Espero que todos tenham aproveitado bem o seminário, e agradeço a cada um por reforçar o time da educação do estado do Ceará e acreditar num ensino público cada vez melhor”, finaliza.
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