O município de Livramento de Nossa Senhora, no sudoeste da Bahia, enfrenta um momento de contraste entre celebração e crise. Mesmo com um decreto de situação de emergência vigente por conta da seca, a gestão municipal promoveu uma das maiores festas juninas do estado, com mais de 40 dias de programação e 25 atrações musicais. A prefeitura informou ter investido R$ 3,7 milhões nos festejos, mas documentos oficiais apontam que os custos totais podem ter ultrapassado R$ 6 milhões, incluindo estrutura, publicidade, logística e cachês artísticos.
A seca, por outro lado, segue afetando duramente comunidades como Iguatemi, São Timóteo e Itanagé, onde o abastecimento de água potável continua sendo feito por meio de carros-pipa. A situação foi reconhecida formalmente por meio do Decreto Municipal nº 052/2025, publicado em 8 de janeiro deste ano. A medida foi homologada pelo Governo do Estado da Bahia através de decreto assinado em 9 de maio, com validade retroativa de 180 dias, encerrando-se em 7 de julho de 2025.
Segundo o L12 Notícias, o decreto classifica a estiagem como um desastre de Nível II, devido aos danos ambientais, sociais e materiais causados pela ausência prolongada de chuvas. O reconhecimento estadual e federal permitiu o acesso a recursos da Defesa Civil para mitigar os efeitos da seca.
Apesar do argumento da prefeitura de que os festejos movimentam a economia local e valorizam a cultura popular, o alto investimento em entretenimento durante a vigência de uma situação de emergência levanta críticas e questionamentos sobre a priorização de recursos públicos. Especialmente em um contexto em que diversas localidades rurais permanecem sem acesso regular à água.
Agora, com o fim da validade do decreto e os reflexos da estiagem ainda presentes, o município busca apoio dos governos estadual e federal para garantir o abastecimento das comunidades afetadas. O desafio, apontam especialistas, é conciliar tradição e desenvolvimento sem negligenciar as necessidades básicas da população.